Era piada? A dançarina negra que não gostou de ouvir que tem “cabelo vassoura de bruxa”
Publicado dia 23 Abril 2014, por Marcos Sacramento em http://www.geledes.org.br/racismo-preconceito/racismo-no-brasil/24383-era-piada-a-dancarina-negra-que-nao-gostou-de-ouvir-que-tem-cabelo-vassoura-de-bruxa
Em seu programa, o apresentador Fausto Silva soltou um comentário racista ao falar de uma das dançarinas da cantora Anitta. Ele relembrava uma declaração que a dançarina Arielle Macedo fez durante o quadro Arquivo Confidencial, no ano passado, quando disse "Arielle com cabelo vassoura de bruxa".
O comentário de Faustão é típico do racismo predominante no Brasil: travestido de piada e dentro de um contexto cordial, bem humorado. Não causaria comoção algumas décadas atrás, quando Luiz Caldas lançava a sua "Fricote", dos versos "nega do cabelo duro, que não gosta de pentear", e negros na TV só apareciam nos clipes da recém-nascida axé music ou em papéis de bandidos ou escravos.
Só que o mundo está mudando e o Brasil, lentamente, também. Entre o lançamento de "Fricote" e a fala do Faustão, os Estados Unidos elegeram Obama, Lewis Hamilton foi campeão mundial de Fórmula 1, a atriz Lupita Nyong'o emprestou sua beleza para divulgar os produtos da Lancôme e, bem ou mal, Joaquim Barbosa virou presidente do STF.
Bailarina e coreógrafa, Arielle é negra e usa seus cabelos naturalmente crespos. Em um episódio da websérie "Faça: dança", produzida pelo Multishow, Arielle conta que o estilo do cabelo foi influência da mãe.
Na sua página do facebook, a dançarina disse ter se ofendido e que é normal ouvir comentários parecidos com o do Faustão.
"Sobre o episódio do Faustão de ontem... fico muito feliz pelo carinho e por de alguma forma vcs me defenderem! Se me ofendi... claro, na hora sim! Mas apelidos é o q mais recebo por aí na rua. Só que eu tenho a minha forma de me manifestar quanto a isso. O cabelo é meu, a vida é minha e me acho linda, e isso é o mais importante! Não me deixo oprimir por nada e nem opinião de ninguém! E se vc se sente bem com isso é assim q deve agir. Enquanto isso estou andando por aí com meu "cabelo de vassoura de bruxa" que eu amo. E que me desculpem as pessoas normais oprimidas pela sociedade. É, eu não sou normal! O racismo sempre vai existir ele se fortifica quando nos sentimos ofendidos . Se estou bem e certa de que eu sou, dana-se a opinião dos outros! Apenas intensificarei minha água oxigenada! Aceita que dói menos!"
O desabafo foi retirado da página algumas horas depois.
Se Arielle, que é linda e está conquistando fama e sucesso na carreira artística ouve críticas por se recusar a aderir à estética eurocêntrica, imagine como é o dia-a-dia das negras anônimas que só querem poder usar o cabelo que a natureza lhes deu?
Em seu programa, o apresentador Fausto Silva soltou um comentário racista ao falar de uma das dançarinas da cantora Anitta. Ele relembrava uma declaração que a dançarina Arielle Macedo fez durante o quadro Arquivo Confidencial, no ano passado, quando disse "Arielle com cabelo vassoura de bruxa".
O comentário de Faustão é típico do racismo predominante no Brasil: travestido de piada e dentro de um contexto cordial, bem humorado. Não causaria comoção algumas décadas atrás, quando Luiz Caldas lançava a sua "Fricote", dos versos "nega do cabelo duro, que não gosta de pentear", e negros na TV só apareciam nos clipes da recém-nascida axé music ou em papéis de bandidos ou escravos.
Só que o mundo está mudando e o Brasil, lentamente, também. Entre o lançamento de "Fricote" e a fala do Faustão, os Estados Unidos elegeram Obama, Lewis Hamilton foi campeão mundial de Fórmula 1, a atriz Lupita Nyong'o emprestou sua beleza para divulgar os produtos da Lancôme e, bem ou mal, Joaquim Barbosa virou presidente do STF.
Bailarina e coreógrafa, Arielle é negra e usa seus cabelos naturalmente crespos. Em um episódio da websérie "Faça: dança", produzida pelo Multishow, Arielle conta que o estilo do cabelo foi influência da mãe.
Na sua página do facebook, a dançarina disse ter se ofendido e que é normal ouvir comentários parecidos com o do Faustão.
"Sobre o episódio do Faustão de ontem... fico muito feliz pelo carinho e por de alguma forma vcs me defenderem! Se me ofendi... claro, na hora sim! Mas apelidos é o q mais recebo por aí na rua. Só que eu tenho a minha forma de me manifestar quanto a isso. O cabelo é meu, a vida é minha e me acho linda, e isso é o mais importante! Não me deixo oprimir por nada e nem opinião de ninguém! E se vc se sente bem com isso é assim q deve agir. Enquanto isso estou andando por aí com meu "cabelo de vassoura de bruxa" que eu amo. E que me desculpem as pessoas normais oprimidas pela sociedade. É, eu não sou normal! O racismo sempre vai existir ele se fortifica quando nos sentimos ofendidos . Se estou bem e certa de que eu sou, dana-se a opinião dos outros! Apenas intensificarei minha água oxigenada! Aceita que dói menos!"
O desabafo foi retirado da página algumas horas depois.
Se Arielle, que é linda e está conquistando fama e sucesso na carreira artística ouve críticas por se recusar a aderir à estética eurocêntrica, imagine como é o dia-a-dia das negras anônimas que só querem poder usar o cabelo que a natureza lhes deu?
CBF vai lançar aplicativo para denúncia de casos de racismo
Publicado em Terça, 22 Abril 2014 em
http://www.geledes.org.br/racismo-preconceito/racismo-no-brasil/24376-cbf-vai-lancar-aplicativo-para-denuncia-de-casos-de-racismo
A entidade divulgou no domingo a campanha de conscientização 'Somos Iguais' que tem a intenção de repudiar casos de racismo no futebol
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) lançou uma campanha de combate ao racismo no último domingo (20). Com o slogan 'Somos Iguais', ela inclui a criação de um aplicativo para dispositivos móveis que permite denunciar atos de discriminação em eventos esportivos.
Segundo a CBF, a intenção da campanha "é a conscientização e o repúdio sobre qualquer ato de preconceito, seja racial, econômico, religioso, social, sexual, dentre outros". A entidade ainda não anunciou quando o aplicativo será lançado, mas a intenção é que as denúncias feitas pelos torcedores ainda de dentro do estádio sejam encaminhadas para as autoridades competentes.
A campanha foi idealizada após casos de racismo contra os jogadores Tinga, do Cruzeiro, Arouca, do Santos, além do árbitro Márcio Chagas da Silva. Os três foram vítimas de preconceito racial neste ano e são garotos-propaganda da ação da CBF.
Tinga, Arouca e Márcio fazem parte do vídeo divulgado pela entidade que comanda o futebol no Brasil para conscientização em torno do racismo. O texto foi elaborado pelo jornalista Mauro Beting e vai ser exibido em telões de estádios no país, inclusive antes dos amistosos feitos pela seleção brasileira na preparação para a Copa do Mundo.
Além do vídeo e do aplicativo, os jogos com transmissão da televisão aberta devem ganhar atenção. Antes do início dos jogos, faixas com a mensagem da campanha serão levadas para o campo e dez bolas personalizadas com o logo 'Somos Iguais'. Nelas haverá a frase 'faça um selfie com a bola usando #somosiguais e sua foto poderá aparecer nas redes sociais da CBF', estimulando os torcedores a participar da ação.
Em todos os jogos das séries A e B do campeonato brasileiro, os árbitros usarão um patch com o logo da campanha e placas de publicidade em torno do campo também exibirão a marca 'Somos Iguais'. Nos dois jogos da seleção brasileira antes da Copa do Mundo, as ações de conscientização devem se repetir.
Veja abaixo o vídeo da campanha:
http://www.geledes.org.br/racismo-preconceito/racismo-no-brasil/24376-cbf-vai-lancar-aplicativo-para-denuncia-de-casos-de-racismo
A entidade divulgou no domingo a campanha de conscientização 'Somos Iguais' que tem a intenção de repudiar casos de racismo no futebol
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) lançou uma campanha de combate ao racismo no último domingo (20). Com o slogan 'Somos Iguais', ela inclui a criação de um aplicativo para dispositivos móveis que permite denunciar atos de discriminação em eventos esportivos.
Segundo a CBF, a intenção da campanha "é a conscientização e o repúdio sobre qualquer ato de preconceito, seja racial, econômico, religioso, social, sexual, dentre outros". A entidade ainda não anunciou quando o aplicativo será lançado, mas a intenção é que as denúncias feitas pelos torcedores ainda de dentro do estádio sejam encaminhadas para as autoridades competentes.
A campanha foi idealizada após casos de racismo contra os jogadores Tinga, do Cruzeiro, Arouca, do Santos, além do árbitro Márcio Chagas da Silva. Os três foram vítimas de preconceito racial neste ano e são garotos-propaganda da ação da CBF.
Tinga, Arouca e Márcio fazem parte do vídeo divulgado pela entidade que comanda o futebol no Brasil para conscientização em torno do racismo. O texto foi elaborado pelo jornalista Mauro Beting e vai ser exibido em telões de estádios no país, inclusive antes dos amistosos feitos pela seleção brasileira na preparação para a Copa do Mundo.
Além do vídeo e do aplicativo, os jogos com transmissão da televisão aberta devem ganhar atenção. Antes do início dos jogos, faixas com a mensagem da campanha serão levadas para o campo e dez bolas personalizadas com o logo 'Somos Iguais'. Nelas haverá a frase 'faça um selfie com a bola usando #somosiguais e sua foto poderá aparecer nas redes sociais da CBF', estimulando os torcedores a participar da ação.
Em todos os jogos das séries A e B do campeonato brasileiro, os árbitros usarão um patch com o logo da campanha e placas de publicidade em torno do campo também exibirão a marca 'Somos Iguais'. Nos dois jogos da seleção brasileira antes da Copa do Mundo, as ações de conscientização devem se repetir.
Veja abaixo o vídeo da campanha: